MARIETA LUCY E CARÃO TUDO A VER
Eu já
falei sobre a flor de Anahí, e ate o inicio da sua decadência que foi exatamente quando surge o restaurante Lacerda de Marieta
Lacerda e Sergio Galdino.
Marieta,
foi a precursora do desenvolvimento social em Piancó juntamente com seu filho Sergio Galdino, criaram um bar e restaurante
onde toda sociedade poderia participar incluído aí, as moças, os maridos com suas esposas, namorados. Em fim, inovando o novo
conceito de laser em Piancó tendo em vista essas pessoas só saírem quando existia festa no Piancó Clube.
A Praça
Salviano Leite começava a esvaziar tirando de seus passeios noturnos os jovens que queriam paquerar já que, no restaurante
Lacerda ficava bem melhor, pois tinha musica e ate em determinado
tempo uma boate para os mais jovens. O restaurante ficava num local estratégico no final da Rua Antonio Brasilino.
Marieta
era bastante severa com relação à freqüência do pessoal que por lá passavam chegando inclusive a exagerar em determinados
casos perdendo com isso a amizade de certos freqüentadores assíduos do seu restaurante por acreditar ser aquele radicalismo
mero preconceito, e na verdade era mesmo. Pessoas de baixa renda, sem família
conhecida como falava ela, eram consideradas gentinhas, termos comunsmente usados por pessoas preconceituosas. Era
um ambiente bastante agradável e confortável, tinha um bom cardápio que pos em pratica inovando, e já tentando com sua inteligência
e do filho Sergio superar a flor de Anahí. Com esses ingredientes que começava a ser posto em pratica em bares da cidade,
que eram comida e bebida, uma combinação lógica que Dino Leite deixou escapar nos bons tempos da flor de Anahí.
Só que
com o sucesso do restaurante Lacerda, começa a surgir os concorrentes que por sua vez queriam também uma parte da fatia desse
bolo criado por Marieta e ai; vem o que ela menos queria.
O Bar
de Luci, que ficava exatamente em frente ao seu restaurante, Luci tinha um casal de filhos, Gilvan ( o segundo homossexual
declarado da cidade, o primeiro era Zé Campina) Alacoque sua filha. Isso é lá
nome que se dê a uma pessoa! E olha que Alacoque era ate bonitinha, era um ambiente popular que combinava com a vontade dos
que se rebelaram com Marieta pelo seu radicalismo social.
Era
nítida a rixa entre as duas, Marieta, tinha uma carranca (Carranca é uma escultura com forma humana ou animal, produzida em madeira e utilizada a princípio na proa das embarcações que navegam pelo rio São Francisco. Espalhou-se no Brasil como uma forma de arte popular, sendo vendida em feiras e lojas de produtos artesanais. Não se sabe ao certo se sua origem é negra ou ameríndia, ou se seriam amuletos ou simplesmente ornamentos).
Essa carranca ficava exatamente apontada para o bar de Luci, isso
deixava Luci furiosa porque segundo ela era um afronte já que carrranca era coisa
de macumba, Marieta dizia que a carranca era pra espantar os espiritos ruins que existia em frente ao restaurante Lacerda,
e por ai vai, eu mesmo, fui mensageiro de fuxico de Marieta para Luci e virse versa já que frequentava os dois ambientes.
No bar
de Luci tinha como carro chefe uma galinha de capoeira acompanhada de baião de dois ou arroz da terra com batata doce o que
poderíamos chamar de comida de primeira com cerveja gelada musica, e um verdadeiro show
de papo com o popular e imortal folclórico Carão.Mais ou menos às onze horas começava o show ao vivo e de graça.Carão começava
a contar as historias que nos deixavam cansados de tanto rir, ele sentava numa mesa cercado de amigos que subsidiava suas
despesas, pois eram poucas já que ele bebia apenas cachaça e geralmente acompanhado de uma fruta da época nunca comia os tira
gostos tradicionais, Carão tinha seu dialeto inconfundível já falou em uma de suas colunas o Jornalista Orlando Ângelo sobre
isso, e eu volto a falar o mesmo,
Por
exemplo: No bar de luci tinha um som que geralmente Carão quando começava a beber
pedia uma musica que ele gostava e Luci já sabia qual era.
Dizia
ele: ¨ Luci bota pra tocar uma noite timba!!!!!!!!¨ eu perguntei quem catava e ele respondia ¨ Julio Iglesia ¨
Eu perguntava
e você gosta?
Ele
respondia ¨ oraaaaaa com um sotaque bem arrastado.Perneta não pega nem letra home¨!!!!
Uma
noite timba a que ele se referia era um refrão da musica ( Una noche tibia nos conocimos ) o nome da musica era , Recuerdos de ipacaray,
Perneta que ele se referia era Roberto Carlos.
Depois vinha a historia de Antonia Macena.
Certa vez, chegou em Piancó o Frei Fernando Real escudeiro de Frei Damião e que tinha como missão guardar o
dinheiro arrecadado.
Deu de cara com Carão e lhe perguntou ¨ a senhor sabe onde mora a nega Antonia Macena¨ Carão Respondeu ¨sei
sim levou Frei fernando a casa de dona Antonia Macena, Frei fernando espantado falou no, no, no essa Antonia Macena, e a que
trabarra na igreja, ai Carão começa a entender o sotaque forte de Italiano do Freei Fernando e leva ate a casa de Antonio
Macena que era um beato Igreja,
chegando lá o frade olha pra Antonio Macena e diz: ¨nega ladroa cadê a dinheira
da telegrama que te dei pra mandar pra Damiana. ele se referia a Frei Damião , tu enganou a fé de Jesus nega ladroa.
Antonio Macena depois dessa foi expulso da igreja e foi ser crente na cidade de Patos.
A morte de Zé Gordo.
Segundo carão quando Zé Gordo morreu, tinha pouca gente pra sepulta-lo ai o delegado da epoca convocou algumas
pessoas entre eles carão para levar o cadaver até o cemiterio Carão pegou numa das asas do caixao e começa o enterro uns querendo
ir para a igreja outros querendo ir direto para o cemiterio liderados por Carão que dizia a todos zummm nada de igreja o homem
era amancebim (amancebado).
Depois dessa vem o Restaurante o Ceu mais aí é outra historia que contarei depois.
Tavinho Sá Leitão
A
sorveteria Flor de Anahí e Dino Leite
Hoje vou falar
sobre meu primo e amigo Geraldo Leite de Azevedo (Dino Leite), e sua sorveteria Flor de Anahí.
Assisti sua inauguração,
inicialmente tinha como sócio seu irmão Zé Leite, dizem que Zé Leite era o dono e Dino apenas laranja depois Dino ficou sozinho
com o controle acionário da empresa.
Já que não interessava
mais a Zé Leite tendo em vista o lucro ser bastante pequeno para dividir em dois.
Voltando a inauguração
no ano de 1963 onde foi um dos maiores acontecimento da época, presente varia autoridades locais entre eles o Padre Manoel
Otaviano que alem de benzer o ambiente como sacerdote, fez um discurso e em seguida recitando uma poesia- ¨ Anahí As arpas sentidas soluçam arpejos Que são para ti Anahí Teus
acordes lembram a imensa bravura Da raça tupi Anahí Índia flor agreste da voz tão suave Como Aguaí Anahí, Anahí Teu
vulto no campo difere entre as flores Pela cor rubi Defendendo a vida Tua valente tribo, foste prisioneira Condenada
à morte Já estava teu corpo envolto à fogueira E enquanto as chamas estavam queimando Numa flor tão linda se foi
transformando Os teus inimigos fugiram dali As aves ficaram cantando o milagre Da Flor de Anahí ¨
Depois da solene festa, começa a funcionar a sorveteria Flor de Anahí, que apesar
do nome nunca se viu vendendo um sorvete, daí não se entender porque esse nome sorveteria. Era um ambiente requintado para
a época totalmente elitizado só freqüentava a Flor de Anahí, a alta sociedade Piancoense, um ambiente luxuoso para a época
com mesas e cadeiras da moda toda em azulejos brancos o primeiro balcão frigorífico a ser colocado em um ambiente em Piancó
em fim um bar pode se dizer bastante requintado para época por lá no inicio vi freqüentar varias pessoas a exemplo de Djalma
Leite,Joval Mendonça, Bira Remigio, João Remigio, Assis Remigio, Lula Remigio, Clodoaldo
Brasilino,(cocó), João Cavalcante, Assis Clementino, Conrado Jerônimo, Ademar Teotônio, Antonio Quinho, Zezinho Farias, Pedro
Farias, José Bráulio, Judivan Cabral, Expedito Cavalcante, Manoel Cavalcante,
Chico Porto, Antonio Leite Montenegro, Joval Mendonça, Jomar Mendonça, Adalberto Lopes, Eliezer Diniz, Bianor Farias, Ângelo Leite, José Leite, Antonio Leite(toinho Leite), Eurides Liberalino, Zezé Macena,
José Barros, Djalma Ângelo, Napoleão Ângelo, Benjamin Ângelo, José Basílio, Vavá Bento, Miguilinho, Chico Bento, logicamente
esqueci algumas pessoas a mais que freqüentavam aquele ambiente a principio eram essas pessoas vindo depois seus filhos.
Vem a segunda fase da sorveteria Flor de Anahí, onde passaram a freqüenta-la que eu
me lebre as seguintes pessoas Carlos Telesforo, Antonio Eugenio de Farias, Assuerio Xavier, Neném de Fandinga, Valdemar Barros,
Antonio Gomes, Alcides Gomes, Zé Gomes, Brunet, Gil Cotoco, Humberto Bento de Farias, Chico Diniz, Antonio Freires, Zé Pinto,
Zezito de Zezé, zezito Clementino, Zelito Clementino, Deuslirio Pires de Lacerda,
zenildo leite, Valdeberto Virgolino, Tarcisio Brasilino, Franciraldo Loureirio, Lautonio Loureiro,no momento, como se ver não foi citado nome de moças e mulheres casadas, pois não era comum a freqüência delas nessa
época, já que existia ainda uma descriminação com relação as mulheres nas décadas do auge da Flor de Anahí. O que se sabe
é que era bastante divertido paquerar enquanto as moças passavam em frente a sorveteria dando volta na praça Salviano
Leite, existia também a escola normal Santo Antonio onde um ou dois dias por semana as freiras que dirigiam aquele estabelecimento
de ensino levavam as moças que moravam em outros municípios para passear na já citada praça, isso fazia com que aumentava o fluxo de jovens rapazes como se diz
na gíria tomando uma cervejinha na Flor de Anahí, tentando aparecer, a fim de uma conquista as vazes com sucesso. Como podemos
citar como exemplo Elicenia que estudou e se formou professora chegando a casar com um Piancoense Ângelo Leite, e constituindo
uma família em Piancó para nunca mais sair de lá.
Existia na Flor de anahí, naquela época um verdadeiro
Apartheid ("vida separada") é uma palavra de origem africana, adotada legalmente
em 1948 na África do Sul para designar um regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver
separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Este regime foi abolido por Frederik de Klerk em 1990 e, finalmente em 1994 eleições livres foram realizadas.
Claro que a Apartheid a que me refiro não é igual ao da África do Sul, mais tinha
sua semelhança, já que raramente se via pessoas de classe menos favorecidas freqüentando a Flor de Anhai.
Uma coisa que chamava a atenção na parede
contrastando com o luxuoso ambiente, era uma placa de propaganda vermelha com
os seguintes dizeres-¨A ELETRÔNICA DE ULISSES VENTURA, CONCERTA-SE RADIO RADIOLAS ETC. AV. MASCARENHAS DE MORAIS S/N ¨.
Foram quase trinta anos de glamour. Onde de tudo aconteceu, entre tapas e beijos até
as presepadas pelo protagonista maior da Flor de Anahí que era Dino Leite.
Do qual vou me reportar agora contando algumas das suas peripécias com seus consumidores.
Dino era bastante extrovertido, porem até que seus filhos o crescessem como já falei
anteriormente cuidava do balcão, das mesas tinha um bom papo, e uma boa caneta bastante afiada para salgar as contas dos clientes
que bebiam e perdiam a noção do perigo na hora da conta também tinha muito fiado
pois confiava nos clientes principalmente os mais ricos que por lá andavam, Dino também bebia, e quando isso acontecia perdia
a noção do tempo e das contas dos clientes. Chegando inclusive a ter certos enganos.
Contam que em um determinado carnaval, ele também resolveu ao invés de trabalhar fazer
os dois brincar bebendo e trabalhar colhendo, só que numa dessas amnésias alcoólicas, ele perdeu a noção do tempo e de quem
bebeu no carnaval na Flor de Anahí, na quarta feira de cinzas, mandou as contas para as casas das pessoas que freqüentaram
seu bar naquele carnaval tinha uma caligrafia impecável,
So que por azar mandou uma conta para a casa do Dr. Djalma leite com uma despesa bastante
salgada, e recebeu a seguinte resposta do Dr. Djalma enviada pelo portador cobrador-¨diga a Dino que eu não bebi nesse carnaval
eu estava doente¨, ou seja usou a base do se colar colou.
A Flor de Anahí,
não tinha cozinha consequentemente, não existia tira gosto, uma vez a pedido dos clientes, ele inventou de colocar uma cozinha
e chamou Chiquinho do crente como cozinheiro, foi um verdadeiro desastre gastronômico, pois no dia da estréia de Chiquinho
como cozinheiro Dino inventou de comprar umas sovelas (trairás pequenas) e mandou Chiquinho preparar caso alguém pedisse tira
gosto eu mesmo participei desse do dia em que veio um prato insuportável com
esses peixes que alem de ruim estavam simplesmente mal feito. Daí o projeto da Flor de Anahí ter tira gosto só demorou um
dia.
Depois contam que
com sua esperteza ele falsificava até água de coco, pegava os restos de cerveja que sobravam nas garras, não nos copos enchia
novamente e vendia aos seus clientes. Dizem que uma vez ele trousse uma cerveja desse tipo para um rapaz, e ao abrir a cerveja
fez com a boca tssssssssss, esse é o som de quando se abre uma cerveja e escapa o gás.
O tempo passa,
começa o avanço da tecnologia e o modernismo começa a chegar em Piancó. Tipo , televisão, e as pessoas
começam a ficarem em casa assistindo lógico novelas jornais etc, com isso começa a cair o movimento da Flor de Anahí, sem
contar em outros bares aparecendo tipo céu, Marieta, etc.
Aí, vem a
decadência da Flor de Anahí, que não agüentando mais a concorrência, e o modernismo dos demais ambientes da mesma categoria
fecha para tristeza total de uma geração que viveu intensamente o romantismo da Flor de Anahí.
Bom o que eu falei
de Dino Leite, pode ser mais um relato folclórico de uma invencionice irreverente,mais que ele
ainda esta vivo graças a Deus e foi testemunho de todo esse tempo, isso foi.
Para encerrar
gostaria de contar um fato acontecido comigo e Dino em João Pessoa.
Certa vez
eu inventei de botar um bar, por lá passavam varias pessoas de Piancó quase uma comunidade de amigos me prestigiava com suas
presenças. Certo dia estava o Dr. Deputado Judivan Cabral e uma turma grande cercando ele, entre os presentes, Lula Cabral
seu fiel escudeiro. De repente chega Dino Leite baduzinho seu genro, e outros amigos, começamos a conversar, e em determinado
momento Dino me chama em particular e diz: Peninha, era assim que ele me chamava, coloca garrafa seca debaixo da mesa do Doutor,
era assim que eu fazia quando ele bebia na Flor de Anahí.
Era essa um pouco
da historia da Flor de Anahí, e um pouco do meu Primo Dino Leite hoje aposentado e gozando de boa saúde graças a Deus.
Tavinho Sá Leitão
Meu querido amigo João Gomes
Estava eu no meu imaginário pensando, e de repente veio à figura do meu amigo seu João Gomes de Melo, pra quem
não sabe pai de: Antonio Gomes, Terezinha Passos, José Gomes, e Alcides Gomes o caçula.
Seu João Gomes era o que poderemos chamar de Intelectual desentelectualizado,
e, um homem de cultura aculturado, deu pra entender? Não? Nem eu?
Bastante vaidoso morava na sua fazenda no local chamado cantinho pertinho de Piancó, não era um bom agricultor
nem tão pouco empresário, tanto é, que na sua fazenda tinha ate uma jazida de cal e ele não soube aproveitar. Segundo Zé Gomes
(seu filho), vendeu ou trocou a fazenda por um radio com Ulisses Ventura.
O primeiro contato que tive com seu João Gomes, foi quando comecei
a morar numa republica com Alcides e viajamos para Piancó para a tradicional festa de Santo Antonio, ali conheci de fato e
começamos a conversar. De imediato fiz algumas perguntas a ele, e fui surpreendido por uma que daí em diante começou a me
chamar a atenção o seu inusitado vocabulário.
Fiz uma pergunta:
Seu João Gomes como esta a política aqui em Piancó?
Ele respondeu “na minha fantástica o que esses políticos estão querendo é uma legencia mais isso vai terminar
num goipe”.
E assim era seu João Gomes, outra vez tive novo contato com ele e dessa vez foi num período de carnaval, onde
Alcides inventou de levar uma namorada que não é a atual esposa, ao invés de ir pra minha casa meu desconfiometro fez questão
de acompanhar Alcides para ver como seu João Gomes ia recepcionar a namorada dele.
Não deu outra, chegando à casa todos fazendo aquela festa seu João Gomes Olha para a moça e diz: Ah eu me enganei
no seu retrato que tem aqui em casa, você pessoalmente é mais feia.
Outra vez em visita a Piancó, resolvi dar uma passadinha na casa
de seu João Gomes ele em conversa reclamou de que estava sentindo uma dor no
peito que respondia nas costas, eu falei. Então deve ser um telefone ele respondeu furioso, você só sabe brincar com as pessoas
eu saí de fininho com medo da sua brabeza.
Mais para encerrar o caso, lembro-me de que ele fez certa vez uma cirurgia bem sucedida, mais colocando-se ou
como de costume nas pessoas uma sonda no pênis, isso fez incomodar bastante, pois segundo ele ardia no canal e ele chamava
um nome bastante pornográfico que não cabe dizer aqui, vou procurar amenizar a historia.
Chegaram, duas senhoras para fazer uma visita e a pergunta de sempre:
E aí João Gomes!!! Como esta de saúde?
Ele respondeu. ¨ta tudo bem se não fosse a dor que ainda sinto naquele lugar. Chamou dona Preta sua esposa e
diz.¨como é mesmo preta aquele nome que me ensinaram a chamar para não chamar pau¨
Era esse o meu amigo João Gomes que deixa uma imensa saudade e um vazio quando visitamos nosso Piancó
Tavinho Sá Leitão
FREIRES
E A PESCARIA
As coisas
foram mudando veio à informática que foi na verdade um golpe fatal na vida profissional de Freires. As empresas começaram
a se organizarem de forma moderna via computador, e o escritório começa a entrar em decadência ate que ele resolve fechar.
Ficando
pouco tempo desempregado já que por sorte chega ao apartamento onde morava junto comigo e outros amigos o recém chegado em João Pessoa Zezito Lima diretor superintendente do INCRA no Estado da Paraíba e lhes convida
para ser coordenador de um projeto.
Freires
aceita de imediato e pergunta- que projeto é esse?
Zezito
Responde – É um projeto sobre pesca, monitorado por um engenheiro de pesca do Distrito federal que vem dar o curso aos
pescadores aqui da Paraíba.
Escolheram
a colônia de pescadores de Pitimbú cidade localizada no litoral sul da Paraíba.
Foram
dois meses de curso, um de aula teórica outro de aula pratica o de aula teórica Freires apenas coordenava no sentido de dar
apoio administrativo ao monitor, só que se passa um mês e vem o curso de aula pratica, vão os pescadores o monitor e Freires
ao mar de Pitimbú, para a primeira pescaria de fato. Juntam todos em frente ao mar chamam o barco para levá-los até o lugar
onde iriam colocar os instrumentos de pesca, o monitor chama Freires e manda que ele coloque no corpo as bóias salva vidas
e Freires responde eu não vou pra esse negocio não. Ele pergunta por quê? Freire
responde eu não sei nadar.
O engenheiro
fica furioso ao ponto de desistir da pescaria voltar e pergunta ao Superintendente Zezito. Como você coloca um coordenador
pra um curso desses se nem o cara saber nadar, Zezito chama Freires e faz a mesma pergunta Freires Responde:
Ou Zezito!!!
Você não sabe que meu negocio é dinheiro eu não podia perder essa oportunidade. Com isso Freires ainda passa um bom tempo
no INCRA. E relata um dialogo interessante dos pescadores com o engenheiro de pesca.
Pergunta
o pescador: Doutor o senhor deve gostar muito de pecaria, e onde mora deve ter muito peixe?
O Engenheiro
responde: Não, onde moro não tem mar.
O pescador
volta a perguntar: como Doutor. Se o senhor estudou pra isso onde mora não tem mar?
O engenheiro
responde não eu me formei em
Minas Gerais e fiz, pos graduação na universidade de Campinas. O pescador volta a perguntar então Doutor,
era la que o Sr. Pescava? o Engenheiro respondeu não infelizmente la também não tem mar
Daí
o pescador respondeu: então passamos esse tempo todo perdendo tempo com o Sr. Se o senhor veio aqui pra Paraíba conhecer o
mar, como quer ensinar nos a pescar.
É esse
o Brasil que nos vivemos na verdade a farra das diárias só serve pra isso.
Que
mal pergunte:
Que
faz um ministro da pesca em Brasília, é a mesma coisa do ministério da marinha em Princesa Isabel como queria o coronel Zé Pereira.
Tavinho
Sá Leitão
PIANCÓ
260 ANOS
Como piancoense
roxo, tenho obrigação também de prestar uma homenagem ao dia do seu aniversário.
Piancó completa
260 anos dos quais 55 sou testemunho já que apesar de não morar na cidade vivo Piancó.
Para celebrar essa
data festiva começo a contar alguns testemunhos de minha longa vida em nossa cidade, Piancó tem algumas peculiaridades iguais
às outras cidades do interior, no entanto algo diferente persiste como característica própria durante esses 260 anos como
por exemplo.
A forma de falar
do seu povo com seu dialeto próprio ou como diria um piancoes inimitável, outro dia numa discussão corriqueira com minha mãe
ela falou não pode ser isso é uma xuelidade (coisa de Carão), só em Piancó se diz isso, outra coisas é como as pessoas são
chamada no dia a dia independente de condição social nível cultural cargo que ocupa no poder publico ou privado etc.
Em Piancó tem de
tudo e todos são chamados geralmente pela primeira e segunda pessoa imagine se em outra parte do Brasil chame um deputado
de Babá de Zuca, uma câmara de vereadores formada pelos vereadores: Joca de Cocó, Assis de Pedoca, Sergio de Marieta, Zenildo
de Antonio Eugenio, Neném de Fandinga, Zé de Manezinho, Guilherme de Zé Bráulio, Bira de Zeca Remigio etc.
Um time de futebol
escalado da seguinte forma: Didi de Branca, Nanor de Cabo Bento, Juju de Pedro Pereira, Carlos de dona Aracy, Nanam de Eliseu,
Joãozinho de Severino Zacarias, Toinho de Mila, Toinho de Joaninha, Humberto de Bianor, Pedrinho de Cabo Bento, e Chico de
Lelé. O nosso delegado era. Doca de Maria de João de Mila,
Os meus colegas
de infância eram: chagas de Antonio Toscano, Nego Zé de Adalberto, Paulinho de Severino Montenegro, Bernadino de Bianor, Lula
de Chico Supapo, entre outros.
Mudando de assunto
lembro-me de uma historia que contei em recife a um amigo Vital Almeida (diretor de Teatro), onde ele ficou impressionado
e me propôs fazer uma peça do qual ficamos de fazer mais confesso outros afazeres me impediram de continuar com o projeto.
Eu sempre trabalhei.
Aos 10 anos de idade já era funcionário no cartório do meu tio avo, Pedro Lima
de Azevedo (Pedoca) quase sem nenhuma remuneração exceto quando morria alguém eu fazia o registro do óbito. A coisa funcionava da seguinte maneira: Existia uma parceria entre eu Antonio de Ana, e Braz coveiro,
quando morria alguma pessoa a primeira providencia da família era ir à igreja a procura do padre para encomendar o corpo,
Antonio começava a tocar o sino da igreja procurando o padre, eu corria até o cartório para registrar o óbito e autorizar
Braz o sepultamento, Braz fazia o sepultamento. Não sei quanto os dois ganhavam com essa historia só sei que não era de costume
meu tio cobrar por esse serviço. Eu registrava o óbito geralmente recebia uma gorjeta que variava a preço de hoje de 2 a
5 reais e assim íamos os três ganhando à custa do sofrimento dos outros sem a intenção de magoá-los já que faz parte da vida
a morte, e os que lucram com ela.
Quero dedicar esse
artigo aos amigos de hoje: Alcides de João Gomes Codó de Cocó, Helio de Eliezer, Paulinho de Elicenia, Aloísio de Pedro Freire,
Baduzinho de Antonio Badú, Chico de Agenor, Ademar de Zé Brasileiro, Lula de Zé Bráulio, Salviano de Dr. Pedro, Pedrinho de
Dr. Montenegro, Zezito de Zezé, Diá de Zé Genuíno entre outros
Tavinho Sá
Leitão
ANTONIO
DE PEDOCA
Hoje resolvi falar
sobre uma figura fantástica ainda viva na cidade de Piancó.
Antonio de Pedoca.
Um homem de uma simplicidade e inocência quase comparado a uma criança mais de um papo com um dialeto Piancoes que só ele
mesmo sabe.
Era de costume
quando eu e minha mulher éramos mais jovens viajar com mais freqüência a Piancó, E como a primeira coisa a fazer, ir ate a
casa de Antonio para carregá-lo comigo não só para bebericar coisa que eu e ele gostávamos muito mais que disfarçadamente
eu confesso, que usava também como meu segurança, já que ele tem um porte físico
enorme, e um ar de respeito capaz de inibir alguém de mexer comigo, pois eu era e ainda sou bastante irreverente e às vezes brinco e algumas pessoas não me entendem.
Pegava em casa
botava no carro e ia pro bar da moda lembro que nessa época, o bar mais famoso era e ainda é o céu de minha amiga Salete Remigio.
La encontrava meu amigo João Remigio, a Própria Salete, e começava o papo sempre rindo com as historias de Antonio.
Foi ai que descobri
que ele não conhecia João Pessoa, resolvi arranjar alguma desculpa para Marlene sua esposa e consegui. Segundo ele me contara
seu saxofone estava quebrado e precisava de concerto e só em João Pessoa tinha como resolver, com a embromação resolvida e
minha torcida também para que ele passasse alguns dias comigo em João Pessoa resolvemos viajar.
Chegando a João
Pessoa as vésperas do aniversario da minha esposa Daisy, ela resolveu não fazer festa mais uma reunião em família, convidando
apenas os parentes mais próximos. Foi ai que lembramos que Antonio tinha saído de Piancó às pressas deixando em casa roupa
social sapato em fim, viajando como se estivesse de férias mesmo sem nunca ter trabalhado na vida.
Tinha que arrumar
Antonio para o jantar, como fazer! Foi aí que Daisy usou de sua imaginação e conseguiu uma roupa e um sapato meu que dava
nele não sei como, só sei que eu calço 39 e ele 42 e conseguiu calçar o sapato para o jantar que se aproximará.
Conversa vai conversa
vem e ele olhando sempre para mim e fazendo careta, eu senti que alguma coisa estava errada e perguntei se ele estava gostando
daquele jantar já que tinha bebida e comida a vontade, ele prontamente respondeu:
Tavinho pelo amor
de Deus que hora esse povo vai embora
Eu perguntei por
que Antonio
Ele respondeu,
meus pés ta queimando mais do que o fogo do Paraná.
O povo foi embora
à festa acabou e para felicidade geral ele tirou o sapato e o alivio foi total ao ponto de dizer eu já estava quase pedindo
pra ir pra Piancó.
Bom, vem agora
à segunda parte que era de fato conhecer João Pessoa, acordamos cedinho, entramos no carro e fomos dar uma volta no centro
mostrei a lagoa, palácio, catedral etc. Mas o que senti mesmo é que ele queria conhecer de fato a praia e eu sabendo disso,
falei que iríamos agora para praia tomar cerveja com um delicioso tira gosto que ele
não conhecia.
Fomos para a barraca
do meu compadre Luiz ambiente propicio para uma boa farra, sombra, cerveja gelada, fazendo sol e muita gente bonita sentamos,
pedi a cerveja minha mulher que nos acompanhava pediu uns caranguejos o garçom o trouxe ele
observou e falou para mim.
Tavinho eu não vim para João Pessoa pra comer aranha caranguejeira não, leva isso pra la. Aí eu pedi um
prato de agulhas fritas ele olhou e começou a comê-las achei pelos seus olhos que tava aprovado o tira-gosto eu perguntei
e aí Antonio gostou ele respondeu com seu dialeto piancoes vixiiiiii branquim
num pega nem letra home.
Branquinho é um
peixe do sertão que tem 60% de espinhas, 20% de cabeça e 20% de carne sem contar com o tradicional aroma que deixa na boca
quando terminamos de comer.
É esse o Antonio de Pedoca meu primo irmão que eu adoro e continua a me ciceronear quando vou a Piancó
Tavinho Sá Leitão
JUREMA
LOUCO OU POETA
Eu
hoje acordei com uma vontade danada de ser criança, pois e 12 de outubro dia da criança não tenho mais filhos crianças, mais
tenho netos e bisneto mesmo assim resolvi ser criança também. Para isso voltei ao passado um passado totalmente diferente
dos de hoje no meu tempo de criança não existia computador vídeo game e outras novidades a mais que inventaram para distrair
a meninada, mais não me arrependo de ter nascido naquela época porque as brincadeiras eram outras totalmente diferentes
mais bastantes ingênuas e criativas, não vou cita-las para não dar inveja aos que nasceram agora.
Entre
outras coisas existiam os loucos os bêbados e os poetas que nos divertiam bastante entre eles posso citar JUREMA de fato não
sei o nome dele mais provavelmente dava-se o nome de jurema por morar na fazenda de Dr. Djalma Leite que ainda hoje tem esse
nome.
Lembro-me
- que todas as segundas feiras ele ia a Piancó, pois era dia de feira e de bastante movimento na cidade, era um apreciador
da branquinha (cachaça) bebia feito um louco mais também um poeta popular de fazer inveja aos que querem fazer o mesmo na
marra, eu e alguns meninos sempre acompanhávamos para ver seus versos quando as pessoas pediam para que ele fizesse um verso
ele fazia de imediato foi ai que meu cérebro resolveu me ajudar e lembrar alguma coisa que ele fez naquela
época por exemplo ele bebia e trocava cachaça por versos, certa vez estava na bodega de Zezinho tamborete quando Zezinho
pediu para que ele fizesse um verso com ele que ele lhes daria uma lapada de cachaça era assim que se chamava e ele prontamente
resolveu fazer o verso só que pediu primeiro que lhes desse a cachaça bebeu e fez o seguinte verso:
Deus
quando fez o homem fez o grilo e gafanhoto
Fez
zezim tamborete pra cheirar o cu dos outros.
Lembro
de outra também que ele fez com as cidades metropolitanas ( metropolitanas é ótimo) de Piancó. Emas, Olho D´agua, e
Catingueira:
Quando
Emas Mata um boi
Olho
Dagua mata três
Catingueira
mata um bode uma vez por mês
Quando
a feira é muito boa vende um quarto e sobra três.
Era
essa minha infância, voltei e matei a saudade.
Tavinho
Sá Leitão
Zé Rosara
Na verdade o nome correto nunca se soube esse nome vem de sua mãe Rosaria daí o chamado apelido de Zé rosara.
Um homem alcoólatra que só fazia mal a ele mesmo, sempre morou na casa do meu tio Pedoca. Como era de costume
acolher pessoas humildes que não tinham onde morar, convivi com Zé Rosara ( zarinha
), por muito tempo era nosso divertimento quando chegava embriagado fazendo suas palhaçadas sem que ele mesmo percebesse que
estava divertindo a gurizada naquele momento.
Ele sabia como ninguém as musicas antigas dos anos 30 e 40 divertia muito meu Tio Pedoca ao ponto de fazer até
mesmo nos jovens adolescentes cantar e aprender as musicas que ele cantava.
Nunca fez desordem. Mais uma única vez foi prezo e chamado por Dr. Felizardo Leite Juiz de Direito na época
para lhes dar um conselho. Pediu Dr. Felizardo para que ele deixasse de beber ele prontamente prometeu que jamais beberia,
e cumpriu perante o juiz, passou mais de 10 anos sem beber até que um dia voltou a beber
mais de forma moderada, fazendo todos rirem com suas loucuras e seu palavreado rude que só o povo de Piancó entendia.
Mais o mais antológico e folclórico
que ficou na historia de Zé Rasara e do povo de Piancó, foi uma vez quando ele foi ao cabaré de Zé Careca transou com
a lendária rapariga Maria da Mancha conhecida de todos os rapazes da época e deu apenas 10 mil cruzeiros ( moeda da época
).
Foi ai quando Maria da Mancha perguntou só 10 Zé?
E ele respondeu:
E vale mais do que dez!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Zé rosara morreu tragicamente assassinado sem que até hoje se saiba o motivo, Talvez por simples futilidade,
ou uma maneira do assassino aparecer como herói para os que gostam de cultuar
a violência.
Tavinho Sá Leitão
SAPECADO
O TERROR DA RUA VELHA
Já que entrei no embalo da infância,
resolvi falar de um personagem que marcou época quando menino e de alguns mais da época em que viviam na rua velha.
Trata-se de SAPECADO, o mais temido
de todos os meninos, por ter um porte físico mais avantajado e de uma educação a desejar já que nunca tinha estudado nem tinha
vontade de aprender a ler.
Era temido por todos, Paulinho,
Nego Lula, Sola, Os Gêmeos Gervasio e Protazio, Edinho, Chaga Mele, João Batista, Coroa, Helio Diniz, Bernardino Bento, Bananeira,
Nego Zé de Adalberto entre outros.
Ele manipulava a todos ao ponto
de ser-mos obrigados a levar até comida para ele quando sobrava em nossas casas, batia em todos e todos temiam ate nossos
pais o bajulavam temendo uma provável reação violenta contra um de nos, na verdade
no fundo era uma boa pessoa o que fazia era coisa de criança ao ponto de se tornar
adulto e não ser violento. Apenas bebia demasiadamente.
Só sei que um dia de tanto sofrer
por aceitar-lo como o rei da rua, resolvi bolar um plano para desmoralizá-lo, subestimando a sua inteligência resolvi o plano
e fiquei estrategicamente sem falar qual o resultado aos meninos para que eles não se assombrassem pois era por demais arriscado
fazer o que eu havia planejado.
Vamos ao plano: criei uma brincadeira
onde os meninos amarravam uns aos outros cada qual tinha se não me engano 15 minutos para se soltarem daquelas cordas quem
demorava mais perdia o jogo, e assim foi indo, me amarraram, perdi, amarramos Paulinho, perdeu, assim por diante até que chegou
a vez de SAPECADO.
Pedi aos demais que estavam presente
pra ajudar-me a amarrá-lo de forma que ficassem bem seguro para que meu
projeto fosse desempenhado com sucesso, amarramos, eu Paulinho, Nego Lula, Chaga Melé, ele aceitou prontamente a brincadeira,
só que quando vi que estava sem defesa naquele momento resolvi aplicar meu diabólico plano. Os meninos não entenderam o que
eu estava fazendo e a coragem que me dera naquele momento, tirei a calça curta
que usava e mijei literalmente na cara dele, nunca vi tão furioso, babava feito um
louco a raiva o transformou ao ponto de quase desmaia, nesse momento corro para casa, fico praticamente uma semana sem sair
era levado ao colégio por minha mãe temendo a revanche já que ela(minha mãe), terminou sabendo o que aconteceu, ate que um
dia fizemos as pazes, abusei da sua confiança da sua revolta e sua inteligência
ele se fez de amigo e eu quase esqueço o assunto que foi manchete por muito tempo perante os meninos da rua velha.
Foi quando ele me pegou despercebido
me jogou violentamente no chão e fez à mesma coisa mijou na minha cara também.
Ficou então a vingança e a amizade
de uma pessoa que apesar de simples nos deixou saudade, já que hoje não mora mais conosco esta ao lado de Deus.
A propósito quem quiser saber dessa
historia tenho como testemunha meus amigos Paulo Pedro de Carvalho Montenegro (Paulinho) Nego Lula, Chaga Melé etc.
Tavinho Sá Leitão
SEVERINO
MONTENEGRO
UM
GRANDE HOMEM DA NOSSA TERRA PIANCÓ
Ontem fui surpreendido
com o falecimento de SEVERINO LEITE MONTENEGRO.
Para mim, foi como um retrocesso sentimental tendo em vista ter sido seu Severino, como eu o chamava um grande
protagonista da minha infância, morava-mos na rua velha era-mos visinhos e como tal amigo de infância do seu filho mais velho
Paulo Pedro de Carvalho Montenegro carinhosamente chamado de Paulinho.
Hoje medico renomado em nossa capital.
Fui ao velório, lá observando toda família reunida em torno do seu caixão olhando as lagrimas de Paulinho, acho
que por uma obra do divino comecei a rememorar tudo que aconteceu na época em
que éramos criança e tinha-mos a proteção de seu Severino como um pai de todos os amigos que freqüentavam a famosa praça João Pessoa, Tavinho, Paulinho, Helio Diniz, Bernardino, Nego Lula, Chaga Mele, Antonio de
Djalma, Nego Zé de Adalberto, Sapecado, entre outros.
Naquela época tinha um time de futebol infantil formado por essa turma onde sempre era convidado para participar
de confrontos em cidades visinhas Coremas, Itaporanga, Olho D água etc. era seu Severino que nos conduzia talvez com zelo
e carinho pelo seu filho Paulinho.
Mais o que mais me impressiona hoje, feito esse retrocesso mental era o caráter e a forma correta e organizada
que seu Severino vivia. Um homem voltado permanentemente para a família e o trabalho, um grande empreendedor, lembro-me que
ele tinha na cidade de Itaporanga uma fabrica de mosaico assim como em Piancó.
Era também, um engenheiro e arquiteto (autodidata), que deixou algumas obras arquitetônicas
em nossa cidade. Lembro-me de uma vez conversando com minha avó Antonia Lima de Azevedo (Toinha de Paizinho), ela me contara
que aquela capela da família Brasilino no cemitério de Piancó havia sido construída por Severino Montenegro e que na época
foi um grande acontecimento na cidade haja vista ter sido um belo monumento decorando
um cemitério com um projeto tão moderno. Se não me engano o primeiro a ser sepultado
foi o Sr. Antonio Brasilino que a família me corrija se errei em algo.
Seu Severino era tão integro que trabalhou a vida toda para educar seus filhos, e conseguiu imagine os senhores
que ele era nada mais nada menos que irmão de Antonio Leite Montenegro deputado por três décadas em nosso vale do Piancó.
Tendo também como irmão o Dr. Pedro Leite Montenegro e o Senador Salviano Leite Rolim como tio.
Seu Severino, nunca usou de cargos públicos para subsidiar sua
família tudo que fez foi as custas do seu trabalho e sua dedicação a família, não existindo naquela época nepotismo nem em
pratica nem palavra.
É
por isso que hoje reverencio o grande e saudoso SEVERINO LEITE MONTENEGRO. QUE MAIS UMA VEZ FICOU NA HISTORIA DO NOSSO POVO.
MAIS COM CERTEZA NÃO ESTARÁ CADASTRADO PARA A MEMORIA como é o costume do povo (Brasileiro).
Tavinho Sá Leitão
Tavinho
Leitão
Colunista do PáduaLeite.com
Freires I: O Milagre de Santo
Antônio
Resolvi contar algumas histórias acontecidas durante os mais de 20 anos convividos com meu amigo Antonio Freires de
Souza, (Freires) na cidade de João Pessoa.
Uma das primeiras sem dúvidas foi o milagre de SANTO ANTÔNIO. Era 10 de junho de 1974, época em que todos os jovens
tinham o dever de ir à festa de SANTO ANTÔNIO, mesmo porque, era um acontecimento onde todos se encontravam para por o assunto
em dia, rever namoradas, puxar saco de políticos, etc.
Só eu e Freires não tínhamos dinheiro para tão sonhada viagem, mas mesmo assim, resolvemos dar um jeito de ir
daqui pra lá já que, nosso conhecimento em João Pessoa era bem maior para conseguir alguns trocados,
e isso foi feito. Conseguimos dinheiro suficiente para chegar em Piancó e para mais ou menos dois dias de farra. Já no último
dia de festa alisamos, literalmente, ao ponto, de não ter dinheiro para a passagem de volta.
Daí estávamos na Praça Salviano Leite, completamente desiludidos, quando, de repente, Freires é chamado por Zezé Macena
em particular, que quer lhe dar um pacote e, em seguida, desaparece. Foi quando Freires me chamou e falou:
- SANTO ANTONIO acabou de fazer um milagre.
Eu perguntei:
- O que aconteceu.
Ele respondeu:
- Zezé me deu duzentos contos pra levar pra João Pessoa pra dona Toinha fazer a feira e pagar alguns compromissos.
Eu respondi:
- E daí?
Ele falou:
- Em João Pessoa, eu me viro e você vai
cumprir uma missão.
Fiquei pensando qual seria tal missão. Farramos muito com o dinheiro de Zezé e, ao chegar em João Pessoa, ele me obrigou a ir até a Caixa Econômica penhorar uma
corrente de ouro e um relógio dele. Fiz com vergonha, pois era uma segunda-feira, e eu não tinha hábito de ir até aquele
local. Recebi mais do que precisávamos. Fomos de táxi levar o dinheiro na casa de dona Toinha, e, quando voltávamos, FREIRES
falou:
- Foi ou não um milagre de SANTO ANTÔNIO?
Tavinho Leitão
Colunista do PáduaLeite.com
Freires II:
Freires x Pereira
Novamente volto a falar do meu amigo Antonio Freires de Souza, “Freires” .
Desta vez vou falar de uma desastrosa
sociedade feita entre Freires e Pereira, para exploração de uma loteria esportiva .
Freires tinha como profissão o
título de contador “nunca vi o diploma”, e era contador oficial das Casas Lotéricas (jogo do bicho) do tenente
Rubens que o apresentou ao Sr. Pereira, para formar uma sociedade de uma loteria esportiva, atividade começando a ser explorada
em João Pessoa.
Pereira topou a parada e Freires
também. Ficou combinada a parte burocrática, local a ser instalada (compras de equipamentos, concessão, etc). Tomada essas
providências, passou-se a discutir o principal (quem compra? com qual dinheiro? qual a participação financeira nas compras
dos equipamentos? o aluguel da loja? etc.),
Nessa hora, Freires abre o jogo
para PEREIRA e diz:
- Bem eu não tenho dinheiro para
bancar com o senhor (Pereira) a despesa dessa sociedade. O que posso fazer é entrar na sociedade apenas com a experiência.
Pereira aceitou e daí formaram
a sociedade.
Encontrado o local, comprado equipamentos,
foi inaugurada a Loteria Esportiva Bola de Ouro. Tudo era festa no começo, faturamento a contento, Freires muito feliz
por vê bastante dinheiro. Dias depois, começaram as desavenças.
Pereira proíbe eu e Carlos
Telesforo de entrar na Loteria e começa a se incomodar com o nepotismo exagerado de Freires, pois eram empregados na Loteria
nada menos do que quatro irmãos: Pedro Buchada, Maria Freires, Marcos Freires e Rafael.
Briga vai; briga vem. A loteria
começa a dar prejuízo. Daí o estopim de tudo foi a compra de um carro fusca 74 por Freires a Milton Ferreira de Barros, isso
deixou Pereira bastante furioso, ao ponto de desfazer a sociedade.
Aí veio o dialogo que culminou
mais tarde num enfarto de Pereira. Veja o dialogo:
- Você não foi legal comigo.
Gastei toda a minha economia, enquanto você comprou um carro. Disse Pereira.
- Pereira o que aconteceu foi bom
para os dois. Você entrou com dinheiro e saiu com experiência. Eu entrei com experiência e saí com dinheiro. Daí todos nós
saímos ganhando. Respondeu Freires.
Pereira parte para agressão física
e é acalmado por mim e Rafael e, sem mais saúde, para enfrentá-lo, resolveu ir pra sua casa tomar diazepam de 10mg, segundo
relatou ao amigo, Alcides Gomes de Melo.
Tavinho Leitão
Colunista
do PáduaLeite.com
Freires III: Freires x Maverick
Depois de uma pesquisa realizada por mim junto a sua família,
cheguei à conclusão que Freires realmente era um contador “genérico”, já que meu desconfiômetro dizia nunca ter
visto o diploma. Mesmo assim, tinha um escritório montado com estrutura para ser um grande escritório contábil.
Freires tinha poucos clientes e, entre eles, a barraca de cachorro
quente de dona Maria, da qual todos os amigos daquela época conheciam. Ficava em Jaguaribe, na Avenida Vasco da Gama, junto
ao Posto Texaco. Em seguida, ela chegou a botar um bar no ponto de Cem Réis, abaixo do prédio da antiga Saelpa.
Entre o cachorro quente e o bar era tudo maravilha porque Freires
bebia e comia por conta dos seus honorários, chegando ao ponto, em determinados meses, de o débito ser maior que a receita,
já que o pagamento feito a Freires era maior que o consumo, pois nesse caso o contador ficava sempre devendo ao cliente.
Com o bar localizado no ponto de Cem Réis, veio o plano que culminou
no maior desastre da historia profissional de Freires.
Eu era freqüentador assíduo do seu escritório e via sempre dona
Maria conversando, reservadamente, com Freires. Eu tentava sempre ouvir a conversa mas não tinha chance. Só sei que era um
plano que rolava dinheiro para os dois, já que a euforia era grande. Freires sempre dizendo:
- Peninha, era assim que ele me chamava, o maverick tá chegando.
Esse era o carro da época. Euforia vai; euforia vem, até que num
trágico dia, acontece pela madrugada um incêndio em um bar no ponto de Cem Réis. Imediatamente matei a charada:
- Deve ter sido o bar de dona Maria.
Confirmado o sinistro, fiquei pensando... Será que foi planejado
pelos dois naqueles longos papos confidenciais?
Só sei que Freires falava:
- Agora sim, chegou a vez do maverick!
Quinze dias depois veio a frustração. Chega dona Maria no escritório
de Freires dizendo que deu tudo errado. O laudo do Corpo de Bombeiros dissera que o incêndio foi proposital. Foi uma tristeza
geral com discussão acirrada entre Freires e dona Maria. Dona Maria dizendo ser Freires o culpado. Freires chamando dona
Maria de incompetente.
Daí, a tragédia levou os negócios de dona Maria ao caos total
falindo totalmente e ainda com direito a prestar contas na Polícia, tudo por conta de uma estratégia maluca de Freires. Depois
descobri o plano, o dinheiro do seguro seria rachado entre os dois.
Dias depois, chega dona Maria ao escritório de Freires e fala:
- Você acabou com minha vida.
Freires respondeu:
- E a senhora acabou com o sonho do meu maverick...
FREIRES IV
FREIRES E O CASAMENTO
Desta vez começo a falar de uma viagem feita a São Paulo em dezembro de 1975 eu e neném de fandinga sendo que
neném foi na frente passando por São Luiz do Maranhão com Humberto Bento de Farias na época gerente do BNCC ( imagina porque o banco fechou).
Depois eu e neném nos encontramos em São Paulo e nos hospedamos no apartamento
de Antenor Jerônimo Eng. E funcionário da Prefeitura Municipal daquela cidade.
Tinha Também como nosso apoio o Dr. Pedro Farias de Sá Barreto Filho ( Pedro Cuecão) e Evandro Cabral de Souza(
tirineta).
Pedrinho era noivo de uma japonesa muito simpática do qual terminou sendo sua esposa. Um dia fomos convidados
para um jantar na casa do sogro de Pedrinho eu e neném, jantar regado a whisky e peixe, muito bom o jantar daí veio uma idéia de Pedrinho que me chamou a atenção. Uma cunhada sua que estudava em Tóquio estava chegando
de viagem e ele queria me apresentar com o nítido interesse de fazer meu namoro com a mesma chegando inclusive a perguntar
você quer ficar rico Case com essa moça que esta chegando porque ela é muito rica eu falei claro. Quem não quer ser rico nesse
mundo.
Daí fomos ao aeroporto esperar a moça toda família do japa eu Pedrinho neném e outras pessoas que eu não conhecia.
No aeroporto recebemos a moça fui apresentada a ela ate que ela simpatizou comigo.
Só que na mesma época recebi um telefonema de FREIRES me chamando para ser convidado para ser padrinho do seu
casamento, fiquei entre a cruz e a espada ou ficava rico ou ia ser padrinho de um casamento na Paraíba de um homem pobre que
era meu amigo FREIRES.
Passamos a quase namorar,
mais diante do meu dilema fiquei bastante frio com relação ao projeto de enricar já que a duvida com relação a ser padrinho
do casamento de FREIRES me fascinava pelo tão honroso convite mais, quando já
estava próximo a data do casamento resolvi a questão cheguei pra Pedrinho e falei. Pedrinho vou a João Pessoa ser padrinho
de FREIRES. Ele respondeu e você não vai casar com a moça, não quer enricar.
Eu Respondi, não, prefiro ficar pobre na Paraíba, mesmo porque a moça e mais feia do que FREIRES.
Vim para João Pessoa ser padrinho de casamento com muita honra.
Os padrinhos eram em numero de cinco. Eu Carlos Telesforo, Zezito
Clementino, Eilzo Matos, e, um tal de Isnar patrão de sua futura esposa.
Começa a cerimônia O noivo FREIRES entra com sua irmã Maria Freire vestido em um blazer xadrez estilo bicheiro.Os
padrinhos também entram e se posicionam no local indicado pelo cerimonial, só que quando FREIRES entra e chega no altar, o Padre chama em particular e lhe fala algo, imediatamente FREIRES me chama e diz
que não sou mais padrinho de casamento, fiquei extremamente frustrado porque deixei de ficar rico pra prestigiar seu casamento,
daí pergunto o motivo ele responde que o padre só aceitou quatro testemunha e tinha cinco
Eu perguntei e porque você não tira o tal isnar
Ele respondeu-você deu uma dúzia de copos ele deu uma enceradeira você ainda quer discutir o motivo.
Tavinho Sá Leitão
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